O que é Enfermagem em Genética e Genômica
A SBEGG adota a definição da ISONG (Sociedade Internacional de Enfermagem em Genética) sobre a Enfermagem em Genética e Genômica: “É a proteção, promoção e otimização da saúde e habilidades, prevenção da doença e lesão, alívio do sofrimento através do diagnóstico das respostas humanas, e defesa do direito ao cuidado da saúde genética e genômica dos indivíduos, famílias, comunidades e populações.”
A genética e genômica devem ser integradas à prática de todos os enfermeiros em todos os níveis de atenção à saúde. Já os enfermeiros especialistas em genética e genômica podem realizar uma série de atividades: aconselhamento genético; suporte à pessoa e família; auxulio no processo decisório; monitoramento; educação navegação e coordenação do cuidado.
ISONG. Genetics/genomics nursing: scope and standards of practice. ISONG and ANA. Silver Spring, 2007
A história da enfermagem em genética e genômica no Brasil é marcada por um percurso de desenvolvimento e reconhecimento ao longo do tempo. Embora seja uma especialidade relativamente recente, suas raízes remontam a décadas atrás, com importantes marcos que impulsionaram seu crescimento.
Em 1988, no Brasil, teve início a atuação dos enfermeiros em genética e genômica, com o estabelecimento do aconselhamento genético para gestantes em idade avançada. Esse foi o primeiro passo para a incorporação da genética no campo da enfermagem, proporcionando suporte e orientação às famílias diante de questões genéticas e hereditárias.
Uma década depois, em um importante avanço para a área, a International Society of Nurses in Genetics (Isong) lançou as primeiras diretrizes norteadoras para o trabalho dos enfermeiros nesse campo no Brasil. Essas diretrizes estabeleceram os níveis de competência necessários para a prática da enfermagem em genética e genômica, contribuindo para a padronização e o aprimoramento dos cuidados.
Em 2000, duas enfermeiras deram início a pesquisas em oncologia e participaram do estabelecimento do Registro de Câncer Colorretal Hereditário no Departamento de Cirurgia Pélvica e do Departamento de Oncogenética do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. Esse marco impulsionou a enfermagem em genética e genômica no contexto do câncer, levando à compreensão e à intervenção efetiva em doenças genéticas hereditárias relacionadas ao câncer.
Dois anos depois, em 2002, foi criado o serviço de Aconselhamento Genético Reprodutivo na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sob a coordenação de uma enfermeira especializada. Esse serviço desempenhou um papel fundamental no suporte a casais que buscavam informações e orientações sobre riscos genéticos em suas decisões reprodutivas.
Para fortalecer ainda mais a enfermagem em genética e genômica, uma sociedade foi criada para reunir enfermeiros interessados nessa área específica, proporcionando um espaço para troca de conhecimentos e experiências. Além disso, o primeiro congresso científico para enfermeiros em genética e genômica foi realizado, consolidando ainda mais a importância e o crescimento dessa especialidade.
Embora tenham ocorrido desafios ao longo dos anos, recentemente, houve avanços significativos na profissão. Em 2015, realizamos a primeira reunião da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Genética e Genômica (SBEGG), que foi oficialmente fundada em 2017. A SBEGG tem sido um importante ponto de referência para enfermeiros que atuam nesse campo. A sociedade organizou diversos congressos e encontros, fornecendo oportunidades de aprendizado e atualização profissional.
Em 2020 a SBEGG foi reconhecida como sociedade representativa da especialidade Enfermagem em Genética e Genômica, e com isso, está habilitada para oferecer provas para Titulação em Enfermagem em Genética e Genômica.
Em 2020, um marco importante foi alcançado com a titulação dos primeiros dez enfermeiros especialistas em genética e genômica no Brasil, demonstrando o amadurecimento e a consolidação dessa especialidade no país.
A genética e genômica são áreas que têm avançado significativamente, trazendo consigo questões éticas e legais que requerem uma análise cuidadosa. Na medida em que a compreensão e o conhecimento sobre os genes e o genoma humano se expandem, surgem implicações legais importantes relacionadas a essas áreas.
O enfermeiro pode atuar no cuidado em genética e genômica, ao consideramos leis e decretos que regulamentam a atuação do enfermeiro: (os links para o documentos estão ao longo do texto)
De acordo com a lei e diretrizes curriculares, a formação do enfermeiro deve considerar o perfil epidemiológico da população, e o enfermeiro está apto para acompanhar pacientes de alto risco, o que inclui famílias com alterações genéticas hereditárias.
A Resolução do COFEN nº 0468/2014 estabelece a atuação do enfermeiro no Aconselhamento Genético. A resolução apresenta competências que devem ser desenvolvidas por todos os enfermeiros e as específicas, que segundo o COFEN, deve ser realizada por enfermeiros com treinamento específico.
Em 2018, a Especialidade Enfermagem em Genética e Genômica foi reconhecida pelo COFEN na resolução nº581/2018, e com o reconhecimento da SBEGG, os enfermeiros podem registrar o título de Especialista.
A SBEGG faz , anualmente, o edital de Titulação da Especialidade.
No dia 30 de agosto lançaremos o edital de 2023.